Volta ao Mundo por Pedro Guerra – Dias 56 a 63 🇦🇺 Tasmania 🇺🇸 Hawaii

Pedro Guerra / Atualizado a

#pegadasnaareia

Tasmania

Limites. Até onde consigo ir? Escrevo consigo. Não escrevo devo. Não escrevo posso. Limites. Quantas vezes paramos no convencionado? No instituído? Por ali ficamos. Acomodados. Conformados. Aceites… mas formatados. Limitados. Por fora. Não por dentro. Limites que protegem. Refugiam. Limites que enfraquecem. Fragilizam. Ando há 63 dias no limite. Um limite egocêntrico. Autista. Meu. Só meu… como um limite deve ser.

“Know your limits or be limitless.”

Li algures numa pedra enquanto escalava a montanha de Wineglass Bay na Tasmânia.

Mongólia. De volta à cidade. Entro no carro. Sento-me. Respiro fundo. Outra vez. Vezes sem conta. Puxo o espelho para baixo. Só vejo os olhos. Cansados. Semi serrados. Levo o espelho aberto. Vou numa espécie de diálogo interno. Olho-me nos olhos. Fixo-os até desfocarem. Revivemos em conjunto. Eles, que tudo viram. Eles, que tudo sabem. Adeus Mongólia. Um dia outra vez, quem sabe.

Olhos que falam. Memórias que ficam.

Entro no avião de regresso a Seoul, Coreia do Sul. Encosto a cabeça. Inspiro. Dizer que estou cansado seria um eufemismo. Derreado seria insuficiente. Estou de rastos. Isso, de rastos. Inerte. Levo os olhos a latejar. Nos ouvidos um zumbido. Expiro.

Aterro no aeroporto de Seoul. 4 horas depois. Tempo suficiente para perceber que o meu plano inicial deixou de fazer sentido. Altero-o! Preciso de algo diferente. A Mongólia foi marcante, mas igualmente extenuante. Desgastou-me fisicamente, mas sobretudo emocionalmente. Preciso de um escape. De ver caras conhecidas e de um bom banho de água quente!!

Posiciono-me no mapa do iPhone. Analiso. Comparo opções. Está claro como a água!

Sydney, Australia! Bora lá outra vez!

Aqui sinto-me em casa. Amigos de uma vida! Dias de sol no inverno. Altas ondas e bom surf. Risos intermináveis. O melhor donut do mundo. Jantares animados. Debates acalorados. Amizades sem GPS. Aqui. Ali. Acolá. Não interessa onde.

Baterias carregadas. Banho tomado. Desodorizante e perfume. Cheiro-me com a intensidade com que me cheiram os meus cães. Que saudades!! De ambos, dos cães e do meu cheiro. Estou como novo e pronto para voltar a elevar a fasquia!

Tasmânia!! 😍🌏🙌

Tasmania

Vou escrever para ti e se me permites, vou tratar-te por tu.

Há uns anos lembro-me de olhar para ti… com aquele olhar de quem observa a rapariga mais bonita da escola. Atrás de um poste. Nos intervalos. Olhares entre campainhas. Tímidos. Impacientes. Palpitantes. Na altura não me senti confiante. Tu eras do nono. Eu do quinto. Permaneci atrás do poste. Escondido. Assumo.

Anos que passam. Quis o destino que voltasse a Sydney. Quis a memória que permanecesses viva. E agora, aqui tão perto. “Vou continuar atrás do poste?” Murmuro.

Aterro. Sinto o corpo enrijecer. Está frio ou será ansiedade? Subo o fecho do meu melhor casaco… já não o vestia desde a Islândia. Alugo um carro. Volante à direita. Estradas pela esquerda. Avanço os primeiros quilómetros. Inseguro. Expectante. A racionalizar tudo. Rotundas pela esquerda. Cruzamentos. Prioridades. Caminho na tua direção, aproximo-me é certo, mas ainda com os postes como melhores amigos. Deixas-me assim.

Tasmania

Permaneces fria. Distante. Inacessível. Acúmulo quilómetros perfurando o nevoeiro denso com que me recebeste. Levo todas as luzes ligadas e aos poucos começo a ganhar confiança. Habituo-me à estrada. Ganho proximidade com os cruzamentos. Torno-me íntimo das rotundas. Vejo finalmente o sol a espreitar e num ápice chego a Strathgordon. Zona remota e inabitada da costa Oeste da Tasmânia. Escolhi-a propositadamente para o nosso primeiro encontro. Isolados do mundo. Aqui não há rede. Não há Wi-Fi. Aqui não há casas. Só um lodge. Aqui não moram pessoas, mas mora uma das barragens mais imponentes do mundo. Gordon Dam. Aqui não há esplanadas à beira mar, mas há pores do sol acima das nuvens. Aqui seremos só tu e eu.

“Vamos sair para caminhar. Quero mostrar-te uma coisa.”

Tasmania

Acordo. Sinto um peso sobre o meu peito esquerdo. Abro e fecho os olhos. Desembacio. Olho fixamente para o tecto branco. Tento responder a três questões: Quem sou? Onde estou? O que faço aqui? Respondo às três com prontidão e correção. Aconteceu. Não restam dúvidas. Puxo pela memória da véspera: Empatia máxima. Conversas prolongadas. Metáforas e analogias. Olhares cúmplices. Mãos que se tocaram… até de manhã.

De volta à estrada. Rumamos a Hobart, a capital. Agora como parceiros. A minha playlist do Spotify não deixa ninguém indiferente. Marco pontos. Cantamos em dueto. Percorremos estradas com paisagens de cortar a respiração. Não consigo ficar indiferente. Dou por mim parado a olhar pra ti. Montanhas pontiagudas. Cumes ainda brancos de neve. Florestas verdes e densas. Rios de corrente forte. Águas verdes. Olho-te sem me cansar. O tempo corre. Chegamos à cidade. Sais do carro. Abres-me a porta. Dás-me a mão. Puxas-me!

“Anda, quero que este dia seja especial. Imponente como a vista do Monte Wellington, saboroso como os almoços no Salamanca Market, colorido como o botanic garden e com um por do sol magnífico junto à mítica ponte de Richmond!”

Tasmania

Mãos que me puxam. Memórias que ficam.

Mais dias. Mais de nós. Acordamos cedo. Noites quentes. Manhãs frescas. 😏 Olhas-me nos olhos. “Guardei o melhor para o fim.” Já a caminho e desta vez rumo à costa este. Estradas épicas. O sol brilha. Margens pintadas de aquarelas. Vou saindo da estrada principal. Já nem falas, sinto quando me chamas. Entro em estradas de areia. As montanhas dão lugar a praias de sonho. É como ver a mesma cara todos os dias e a cada dia descobrir um ângulo ainda mais apaixonante. Paro vezes sem conta. Fotografo-te como se nunca mais te fosse voltar a ver. Imortalizo-nos em selfies para a eternidade. Caminhamos descalços pela praia. Pegadas que deixamos.

“O melhor para o fim, lembras-te?”

Freycinet National Park.
Wineglass Bay! 😍🙌👸🏼👩🏼

Wineglass Bay

Pés na areia. Memórias que ficam.

…entretanto fui para o Hawai fazer basicamente de turista.

21 países. 63

dias. Posso afirmar desde já, sem dúvidas, que esta terceira é a melhor das três voltas ao mundo! 🌎🌏🌍

Concordam?! 🙌😅

Próximo destino?! Épico! Vai ser épico!!

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