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Crónicas de Viagens – Açores por Violeta Henriques

Uma aventura por ilhas Açorianas

Quando visitei os Açores pela primeira vez, desisti de desvalorizar terras tão singulares. Nunca as menosprezei, mas… não me seduziam. Motivos pessoais levaram-me a viver uma das maiores aventuras da minha vida nessas ilhas. E digo hoje a qualquer pequeno aspirante a conhecê-las: “Não subestimes os seus recortes encantatórios e os seus lugares-fascínio. Não penses, como eu em tempos, que os Açores são só a ilha maior. Ou que as suas gentes são menos cultas ou menos interessantes. Não te esqueças que são Portugal e que lá estão cenários, locais e recantos dos mais belos do mundo. Vive todos esses que puderes com a tua total presença lá, mas preserva a sua integridade física e natural. Mergulha nas origens do mundo e sente a virgindade primordial que te vai rodear. E respira a tranquilidade, a liberdade e o cheiro que o ar e aquela natureza exalam. Concede à tua vida o privilégio da qualidade de vida de nove maravilhas em, pelo menos, alguns dias da tua vida.”

Percorri quatro ilhas: São Jorge, com os seus prados pintados de verde intenso e casa de infindáveis manadas de vacas, com cumes vulcânicos extintos a perder de vista, esculturas de lava naturais à beira-mar, falésias e fajãs “sui generis”, lapas frescas e uma prodigiosa vista para o Pico. Tive a oportunidade para subir a montanha do Pico, mas declinei assertivamente. Subidas, ainda por cima íngremes, não são o meu forte. Mas, nesta ilha, experienciei o silêncio mais profundo, mais puro e indelével por entre lagoas escondidas e pequenos vulcões adormecidos no meio da mais intocada natureza.

Subi ao solitário moinho vermelho posicionado na vasta cultura da vinha desta ilha, onde me deparei com a vista de um portentoso Faial. Aqui, entrei na paisagem cinematográfica do antigo farol da ponta dos Capelinhos ao lado do vulcão com o mesmo nome, e na imensidão da sua Caldeira, que me conduziu a um momento de observação e reflexão sobre os mistérios da natureza. Depois de ter conhecido estas três ilhas, confesso que S. Miguel, sem dúvida a mais deslumbrante, já não me extasiou como seria de supor, pois as outras são pequenas versões e extensões desta, embora muito únicas.

Mas nunca esquecerei, além do auge da Lagoa do Fogo, as lagoas de S. Miguel perfeitamente espelhadas pelas densas florestas, e ainda secretamente escondidas das grandes multidões, assim como os corredores kilométricos de hortênsias ladeando estradas, montes e vales. Além das hortênsias, as flores amarelas de nome “conteiras” abundam nos Açores e libertam um aroma inebriante.

Fiz caminhadas por essas primordiais ilhas que me obrigaram a ultrapassar estreitos trilhos, enfrentar gigantes subidas, e pude comprovar, com satisfação, de que consegui superar essas provas. Experimentei caminhos pedregosos, térreos, também com descidas a pique, por entre a natureza em estado puro. E resultou sempre em chegadas e vistas esplêndidas.

Na vida, temos muitas subidas e descidas. E para quem se arrisca a arriscar, o que se esconde nos vales ou nos topos é, muitas vezes, a concretização dos nossos pequenos e grandes sonhos.

Texto e imagens: Violeta Henriques

(Vencedora Edição de abril)

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