Volta ao Mundo por Pedro Guerra – Dias 16 a 21 – Turquia 🇹🇷 Istambul 🕌 Cappadocia 🎈

Pedro Guerra / Atualizado a

#balõesdememórias

Onde guardo tantas memórias?! Questiono retoricamente. Permaneço sem respostas. Pouco importa, na verdade. Vamos por mais. Mais lugares. Mais experiências. Mais emoções. Mais, mais e mais!

Deixo Budapeste. O calendário marca 15 dias desde que comecei. 8 países. 5 voos. 1 cruzeiro. 3 carros. 2000km de estrada. 8 hotéis. 860 fotos. 2GB na GoPro.

Memórias?! Incontáveis.

Aterro em Istambul. Turquia. Aqui chega ao fim a primeira etapa desta terceira volta ao mundo. Último país na Europa. Olho para trás. Congratulo-me. Idealizei. Realizei! É assim que funciono. Respiro. Esboço aquele sorriso malandro como quem diz, “esta já ninguém me tira!”

Saio do avião em passo de corrida. Chego ao controlo de passaportes e percebo o quão desnecessária foi a frase anterior. Começo a contar as cabeças à minha frente. Desisto de contar. Dou um passo atrás e vou tratar do visto de entrada. Isto é Europa, mas não é Europa. “Percebes?!” Gosto quando sou apanhado na curva. Regresso aos passaportes. A fila continua grande. Grande é um eufemismo. Faz curvas e contracurvas. Quando parece que estás quase, tens sempre uma última piscina a fazer. Vais para lá e voltas tudo outra vez! Respiro fundo, como faço na fila para a ponte. Aproveito e vou escrevendo mais um parágrafo da próxima crónica. Sim, é assim que elas são escritas.

Assento arraiais em Bosphorus. Paredes meias com o bairro nobre de Besiktas. Da janela do quarto vejo uma das pontes. Vejo a mesquita. Vejo o mar. “Bem escolhido”, murmuro. Saio para caminhar junto ao rio. Pés na margem Europeia, olhos na margem Asiática. Não é por acaso que um dos hashtags mais populares de Istambul é #whereeuropemeetsasia. O sol caminha para oeste e com ele o branco da mesquita de Bosphorus ganha novos reflexos. Novas tonalidades. Aprecio. Encantado. São 8pm em ponto. A mesquita acende as luzes. A oração ganha volume nas colunas espalhadas pelas ruas. Ecoa pujante. Afirmativa. Observo comportamentos. A curiosidade de uns. A compenetração de outros. Chegar a Istambul no primeiro dia do Ramadan realça o que a vida tem de melhor: a diferença.

Gosto que sejam as cidades a puxar por mim. Não gosto roteiros turísticos. Gosto de caminhar só porque sim. Não gosto de museus. Gosto de me sentar nos bancos das ruas. Não gosto de guias turísticos com a bandeira no ar, tipo excursão de escola primária. Gosto de seightseeing tours, são o taxi mais barato. Não gosto de ir conhecer uma cidade e reparar que só tenho 50% de bateria no iPhone. Gosto de observar passadeiras em horas de ponta.

Ainda a propósito das passadeiras… aquilo que se observa em 10 minutos numa passadeira, diz mais sobre uma cidade do que o que vem escrito no TripAdvisor.

Istambul levou muito a sério os meus gostos!

Caminhei livremente até me doerem os pés. Atravessei pontes entre margens. Vivi a agitação dos mercados e bazares. Caminhei por ruas estreitas em permanente azáfama. Ombros com ombros. Encontrões desculpados com sorrisos. “No worries”. Testemunhei a simpatia turca. Identifiquei traços faciais comuns. O nariz turco não é um mito. Comi baklavas como quem come caracóis. Uma atrás da outra e a lamber os dedos no fim. Admirei mesquitas. Entrei disfarçado na Blue Mosque em horário de reza e proibido a turistas. Não se faz, eu sei. Rendi-me à beleza da Hagia Sophia. Perdi o último tour do seightseeing e tive que voltar a pé. Cheguei cansado. Cheguei feliz.

Foi a terceira vez que aterrei em Istambul. À terceira foi de vez! Tudo tem o seu tempo. Gosto de ti, Istambul.

Continua… Capadócia!

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