Volta ao Mundo por Pedro Guerra – Dias 28 a 31 – Zimbabwe 🇿🇼 Zambia 🇿🇲 Parte II
Parte II
Já no hotel. Deixo pronta a roupa para o dia seguinte. Mala preparada, de madrugada é só fechar. Algumas horas de sono. O despertador toca às 4. Não dou hipótese à reincidência e já estou debaixo do chuveiro. Mais uma madrugada. Mais um checkin. Mais um voo. Dois países à minha espera!
Let’s go again!
Às vezes questiono-me de onde vem esta energia.
Hello Zimbabwe 🇿🇼! Hello Zâmbia 🇿🇲!
Aterro no aeroporto internacional de Victoria Falls no Zimbábue. O nome não deixa dúvidas. As cataratas são a estrela reluzente das redondezas. De um lado o Zimbábue. Do outro a Zâmbia. Ambos reivindicam a melhor vista. Rivalidades. Desço do avião. Fico surpreendido com a forma como tudo está turisticamente bem organizado. Aeroporto novo. Visto de turismo on arrival e sem complicações. Apoio turístico à chegada. Tabela de preços dos táxis fixada, sem aldrabices. Oferta de actividades turísticas bem pensada e diversificada, uniforme por todos os pontos de contacto e divulgada proativamente. Todos sabem do que falam e com uma cultura cliente surpreendente. Assinalável, reafirmo! A fazer corar de inveja países vizinhos como Moçambique e Angola.
Deixo a mala no quarto do hotel. Saio para a rua. Caminho vagarosamente. A velocidade é inimiga dos sentidos. Cheira a África. O sol reluz envolto numa imensidão de azul. Ao longe avisto uma espécie de névoa que se move desordenadamente ao sabor do vento. Sorrio, como quem diz, “já te topei”. Avanço expectante. À medida que me aproximo oiço uma melodia intensa. Constante. Imagina várias teclas de piano clássico pressionadas ininterruptamente. Notas graves. Continuo afirmativamente. Foi para isto que vim. Sinto a cara ser abençoada por milhares de gotículas. Não pedem licença. Gotículas na cara tipo pixels de fotografia. O sol bate de frente. Reflexos vários! Cores vivas! Aqui brilhamos mais. Percorro caminhos cobertos por uma vegetação verde. Abundante. Vislumbro corredores verdejantes mesclados amiúde pelo escuro das rochas a debitaram quantidades incalculáveis de água! Massas autênticas que se precipitam por mais de 128 metros de altura. A energia é tanta que se torna quase palpável. No ar, no chão, em tudo. O meu cabelo outrora seco, agora encharcado. Parece que chove, mas não. Aqui estou eu, a pingar… encharcado, mas feliz!
Victoria falls! 🙌😍💦
Gotas que caem. Memórias que ficam.
As horas passam mas eu quero mais. Os minutos voam sem dar por eles. É sinal que estou a gostar! Avanço em direcção à ponte. Deste lado o Zimbábue. Do outro, a Zâmbia. Chego à fronteira. Resolvo burocracias. Pago o visto. Oficialmente na Zâmbia. À medida que me aproximo da ponte a névoa de gotículas adensa-se. Parece chuva! Há uma linha bem marcada no chão. Aqui chove, ali não. Parece que estou a chegar ao micro clima de Sintra. Caminho apressado. Sou interpelado por um senhor. Meia idade. Fato e gravata. Discurso fluido, intuitivo.
– “Olá amigo, eu sou o Joseph!”
– “Olá Joseph, eu sou o Pedro!”
– “Tens pinta de quem vai saltar”
– “…e tu tens bom olho para adivinhar”
– “É experiência, não é sorte”
– “Explica me isso…”
– “É a minha profissão, sou motivador de bungee jumping!”
Seguimos em conjunto. Passos em compasso. Ouço palavras de incentivo. Palavras de coragem. “Não tenhas medo”, diz o Joseph. “Alguma vez saltaste?”, perguntei eu. “Disseste que eras português… o Mourinho alguma vez jogou?!” Retorquiu ele. Meti a viola no saco. Continuámos.
Estou sentado na plataforma. Tiram me as medidas. 1,81m. 82.450kg. 9 de pé. O rigor com que fizeram as medições soou profissionalmente bem! Os turistas e transeuntes apercebem-se que alguém vai saltar. Aglomeram-se. Há um grupo de chineses mais excitados. O Joseph procura organizar e liderar a claque enquanto me olha confiante. Verbalizam “palavras” de inventivo. Apontam-me todas as dezenas de câmaras e selfie sticks que normalmente os acompanham.
Por falar stick…
– “Quero saltar com a minha GoPro”, afirmei.
– “Com esse stick é perigoso, não pode ser”.
– “Sem GoPro não salto.”
– “Então fica à tua responsabilidade.”
5,4,3,2…. Bungee!!!
Saltos que dou. Memórias que ficam.
Continua / Parte 3