Volta ao Mundo por Pedro Guerra – Dias 4, 5 e 6 – Islândia 🇮🇸 Parte II

Pedro Guerra / Atualizado a

Parte II

Regresso ao carro. O sol esconde-se e recomeça a chover. A água que cai cria espelhos na estrada. Reflexos mĂşltiplos. Contrastes vários. Vou avançando numa estrada sĂł para mim. Longas retas. O mar do lado direito, montanhas do esquerdo. Vou parando aqui e acolá, entrando em perpendiculares sĂł porque sim, porque o instinto me chama! Há imensa neve. O branco dos cumes confunde-se com o cinza claro das nuvens, que teimosamente os circundam numa harmonia perfeita. Por falar em neve… vou ali fazer o trilho sobre o glaciar Solheimajokull! NĂŁo Ă© tĂŁo imponente como o glaciar de Grey que vi na PatagĂ´nia do Chile, Ă© certo, mas quando estás apaixonado, “quem feio ama, bonito lhe parece”.

Estaciono em Vik. Saio do carro e vou caminhar. Sou conquistado metro a metro. Troco olhares cúmplices com o que me rodeia. Olhares de cumplicidade. De quem não tem nada a provar. És como és. Genuína. Altruísta. Paradoxalmente quente para quem só me dá 5 graus de máxima. Foco as coisas simples. A árvore que destoa da floresta. O pássaro tipo arco-íris que canta à minha volta. As escarpas esculpidas pelo tempo e pela força do mar. O casal que caminha de mãos dadas na praia de areia escura. Simples.

Os dias vão passando. Aqui valem por dois. Faço centenas de quilómetros. O cansaço é relativo quando estás apaixonado. Rumo em direcção Grindavík e sabem porquê?!

Blue Lagoon! Nem mais!

Descoberta acidentalmente no final dos anos setenta e reconhecida mundialmente pelas propriedades medicinais das suas águas, é provavelmente a atracção mais conhecida da Islândia!

Chego de sorriso rasgado. Compro bilhete. Vou aos balneários. Entro vestido e bem agasalhado. Saio só de calções. Meto a gopro na caixa estaque, estico o stick. Estou pronto.

Pensa numa paisagem gĂ©lida, rodeada por montanhas cobertas de neve. Rochas escuras decoradas por um musgo verdejante. Junta lhe um cĂ©u cinzento, daqueles escuros, carregado. Já está? Acrescenta lhe 4 graus de temperatura. É frio, eu sei. Mistura tudo. Agora fecha os olhos e pensa que podes pĂ´r aĂ­ no meio uma banheira gigante de água azul turquesa. É gigante? Cabem lá 6 milhões de litros de água? Ă“ptimo! …mas calma, há mais. Pensa que essa água vai estar a 39graus e vai ter propriedades medicinais Ăşnicas. Melhorou? Por fim o pormenor que me estava a escapar: põe essa água azul turquesa a fumegar e uma neblina no ar, sĂł pra dar aquele toque mĂ­stico ao cenário. Convenci-te?

É isto.

Podia continuar. Continuar e continuar. MemĂłrias nĂŁo me faltam…mas há coisas que vou guardar sĂł para mim. É assim quando te apaixonas…tĂŁo depressa queres contar a toda a gente, como paradoxalmente queres preservar sĂł para ti.

Ah, Islândia, por mais que te visitem, por mais paixões que voltes a ter, sei que vai haver sempre um lugar aí bem guardado para mim.

Agora chegou a hora de partir. Tão bom perceber que mais de 75 países e tantas aventuras depois ainda há alguém que me deixa assim! Apaixonado!

Ps: Hora de retemperar energias. Hora de continuar. A minha rota segue… quando vos voltar a escrever terei aterrado no Ăşltimo paĂ­s escandinavo que me falta conhecer. Terei atravessado de barco para um segundo, e cruzado talvez duas, trĂŞs, quiçá quatro fronteiras de carro. Agarrem no mapa porque esta foi de borla!!

Já conhece a Islândia?