Volta ao Mundo por Pedro Guerra – Dias 7 a 11 Letónia 🇱🇻 e Lituânia 🇱🇹 – Parte II
Parte II
#cachodeuvas 🍇
Tallinn! Acordo cedo com a luz do sol a irromper pela janela do quarto. É o que dá gostar de dormir de cortinas abertas. Escancaro a janela. Olhos semicerrados ainda ofuscados pela claridade. Esforço-me por olhar ao redor. Esboço um sorriso. Estou dentro do centro histórico de Tallinn. Vanalinn de seu nome. Para muitos a mais bonita e bem preservada cidade medieval da Europa. Despacho-me num ápice e num ápice estou a percorrer ruas e ruelas, cantos, becos… tudo em cativante harmonia. Sim, harmonioso é o adjetivo certo.
Vou palmilhando a cidade medieval, deliciado com aquelas sequências de casas e casinhas, vindas diretamente do século XIV. Não é preciso mapa. Quanto mais me perco mais cativado estou. Vou subindo por entre ruas estreitas. Chego à parte mais alta da cidade antiga, Toompea. Dou de de caras com a Catedral de Alexandre Nevsky, uma igreja ortodoxa russa. Continuo a subir e chego ao Patkuli, uma espécie de miradouro. Avisto toda a town wall e respectivas torres, a St. Olav’s Church e o porto. Termino o dia da melhor forma. 24 horas depois.
Meto mais umas uvas na boca. Bagos de memórias.
Apanho um táxi rumo ao aeroporto. Desenganem-se, não vou voar. Alugo um carro. Aproveito o Wi-Fi e faço o download da rota que me espera. Não pago extra de GPS. Mala na bagageira. Rodas na estrada. Insiro o destino: Rīga, Letónia.
Rīga! Capital e maior cidade da Letónia, também a mais populosa das capitais bálticas. Situada no coração do Golfo de Rīga, na foz do rio Daugava. Banhada pelo Báltico. A influência Russa é vincada. “Há aqui toques de Moscovo”, murmuro, enquanto caminho pelas avenidas centrais. Deixo-me levar, sem pressas. Sem expectativas. Vejo igrejas, museus, monumentos. O centro histórico, reconhecido património da humanidade pela Unesco, à semelhança das congéneres bálticas, é a menina dos olhos da cidade.
24horas depois. Termino o dia junto ao canal. “As cidades com água têm outro encanto”, digo em voz baixa. Sou presenteado com um estrondoso pôr-do-sol! Meia dúzia de fotos para imortalizar o momento. Time to say goodbye.
Sento-me no carro. Apoio o queixo no volante. Ali permaneço por instantes em pura letargia. Carrego no start. Ligo o rádio. Defino a rota. Tudo feito lentamente, como se estivesse em modo de poupança de energia, tipo bateria de iPhone.
Mais umas uvas na cesta. Mais um cacho de memórias.
Já vou a rolar na estrada para a última e mais longa ligação terrestre desta etapa europeia. 4h30 de Rīga a Vilnius. Desta vez vou ainda mais às escuras. Nada sei sobre Vilnius, a capital da Lituânia.
Vilnius! Como começar?! …às vezes é tão bom não ter expectativas. Quem nada espera tem a surpresa ao virar da esquina. …e não é que foi mesmo verdade?!
Saio de manhã cedo. A brisa ainda é fresca, mas o dia promete aquecer. Mudo o carro de parque, para um que é grátis ao domingo. Localizo-me mapa. Sigo a pé. Vou percorrendo o cento histórico. Igrejas e momentos a cada esquina. Sol radioso a criar as mais incríveis nuances, dando vida a cada recorte arquitetónico. Pessoas. Muitas pessoas e uma energia incrível nas ruas. Os carros não circulam no centro. Há música. Danças. Peças de teatro ao ar livre. Instrumentos vários, em praças diferentes, que se misturam como que por magia numa melodia cativante. Uma azáfama contagiante.
Avanço junto ao canal. O dia aqueceu! Vou parando aqui e acolá. Petiscando. Arrefecendo. Há verde, muito verde a envolver a cidade. Há uma colina ao fundo, com uma igreja no topo. Há pontes pedestres que nos ligam à outra margem. Que bonita cidade. Acolhedora. Encantadora.
Procuro o melhor lugar para ver o pôr-do-sol. Percorro ruas. Contorno esquinas. “Espera…aquilo é…?!” “Um balão?!” “De ar quente?!” “Mais um!!” “Outro!!” Dei por mim a correr como uma criança na esperança de chegar perto antes de levantarem. De repente vi-me em Cappadocia, na Turquia, num arco-íris de balões de ar quente a colorirem um pôr-do-sol memorável! A surpresa ao virar da esquina, literalmente!
Ps: vou deixar o carro no aeroporto de Vilnius, já que não me deixaram entrar com ele na Bielorussia e vou voar para outro destino. Quando vos voltar a escrever terei visitado mais dois países. Duas cidades emblemáticas da Europa. A primeira foi a cidade mais bombardeada durante a segunda guerra mundial. A segunda tem um nome que nasceu da fusão dos nomes de duas cidades, a da margem esquerda e a da margem direita do rio.
Este desafio já exige outro andamento! Agora é com vocês! 😅😜